domingo, 21 de outubro de 2007

Por que diabos eu gosto de Luta Livre?

Meu sócio na produtora sentou ao meu lado, quando eu estava assistindo um evento da “WWE” que haverá baixado na net, o primeiro comentário dele foi:

- Não é combinado?

Dei um pause calmamente e disse que sim, em seguida continuei assistindo, e feliz da vida com a ida do titulo que o John Cena detia para o legend killer Randy Orton esbocei uma comemoração, não entendendo nada, ele que não deve ter visto nunca um show de luta livre, sai de perto e questiona: Por que diabos alguém pode gostar de luta livre?

Realmente a luta livre, principalmente a americana, tem algumas características que seriam fáceis de minha pessoa odiar, é mainstream demais, comercial demais, mas a verdade é que eu não gosto só do esporte de entretenimento americano (é como chamam a luta livre), mas luta livre brasileira, o nosso popular tele catch, a mexicana, enfim me divirto com qualquer uma não importa a nacionalidade, o que vale é a diversão.

Então decidi decifrar alguns signos desses shows, e chegar a uma conclusão do porque eu sou um eterno fanático. Primeiramente, ele tem um esquema bem tradicional da divisão do bem ou mal, herói e mocinho, e por mais que possa parecer clichê, não existe ninguém que não se identifique com esse sistema.

Em seguida vem a questão da luta, a luta em si, identifica o nosso dia a dia, tudo está lá, é um resumo geral das coisas: as dificuldades no inicio, a humilhação que passamos, a derrota, e por fim a vitória (O grande cinturão), mas muitas vezes temos a puxada de tapete e todo o processo começa novamente. É uma metáfora clara da nossa vida e nossos anseios, as pessoas acompanham isso como uma válvula de escape, para sair da realidade.

É como ir a um bom show de rock, trabalhamos a semana inteira, agüentamos os nossos patrões (simbolizados pelos vilões na luta livre) e queremos ver nossos heróis em ação (no caso da luta livre, o mocinho). Na maioria dos espetáculos de luta livre, existem diversos personagens que nos identificamos com ele, pois, simplesmente simbolizam algum momento que estamos passando ou traços de nossa personalidade.

É um show que usa muito a sociedade para criar seus semelhantes lá no palco, o ringue.

E a Brasileira?

Muitos dizem que o brasileiro faz uma Luta Livre de péssima qualidade, mentira, a nossa luta livre é ótima e abraçamos todas as outras culturas e criamos um estilo próprio, um grande circo de diversão que dá um pau naquela chatice do Cirq de Soleil, não comparando em termo de circo, mas diversão.

Os nossos lutadores, hoje em dia fazem shows com pouco dinheiro, mas eficientes. Anos atrás, acho que entre 97 e 98, o Ratinho exibia aos domingos um show de luta livre. E tinha bons lutadores? Se tinha...Bob Junior, Soldado Igor, Pirata Mozart, Kid Abelha, Roni, Sarabando Jr., Os caipiras, Homem Montanha, Poderoso Neves, Motoqueiro Trovão, Diamante negro. E quer saber? Mesmo numa época longe dos tempos áureos, eles fizeram algumas lutas que já se tornaram clássicas:

Bob Junior X Motoqueiro Trovão
Bob Léo X Poderoso Neves
Motoqueiro Trovão X Soldado Igor

Além de um momento que me emocionou muito como fã: A volta do maior showman que a nossa luta livre já viu, e não estou falando do Ted Boy Marino, mas sim do Matador Aquiles, que em sua volta ganhou a alcunha: O sanguinário matador.

No ringue? Ah no ringue....Meu pai sempre me narrava os clássicos combates desse monstro sagrado do tele catch, mas eu nunca botara fé...E o que o desgraçado fez? Uma verdadeira destruição e uma mostra do que é ter um timming de vilão. A começar que quando entrou, todos os vilões do programa, inclusive o Motoqueiro Trovão, muito emocionados, fizeram um corredor de recepção, e chega o cidadão como se fosse um rei, pobre do adversário, ou vitima dependendo do ponto de vista, foi detonado, sangue aos montes, mordida na cabeça, limão nos olhos, enfim, aquele ringue era do Matador Aquiles naquele momento, ninguém poderia interferir...Deixe o cara mostrar a arte dele...E que arte!

Luta Livre é arte, envolve audiovisual, roteiros, interpretações...É esporte, envolve preparo físico, artes marciais...É um show, como poucas bandas de rock podem nos oferecer.

Viva ao tele catch e seus profissionais.

Um comentário:

Unknown disse...

Cara, vc está de parabéns pelo excelente texto! Eu também sou amante da Luta Livre; confesso que ando meio desgostoso pela falta de qualidade, mas com esse seu post, dei uma reanimada MONSTRA!

Parabéns!