quarta-feira, 31 de outubro de 2007

A Estrada Perdida


Fui atropelado por um trem em alta velocidade!

É nesse espírito que vos escrevo essas linhas, acabei de ver “A Estrada Perdida”, petardo audiovisual dirigido por David Lynch, com Patrícia Arquette e Bill Pullman, uma coleção imensa de sensações, sentimentos e mal estar tomou conta de mim de tal forma, que o único modo seguro de me expressar é escrevendo.

O cinema de sensações, interpretativo, pessoal e totalmente neo surrealista proposto por Lynch, é muito avançado para a época em que foi lançado, 1997, e continua evoluindo através de seus últimos filmes, “Cidade dos sonhos” (outro filmaço) e Império dos Sonhos (que não vi), mas aqui é onde ele começara a formatar toda a estrutura de sua nova visão cinematográfica.

Desde já ele subverte o tempo, espaço e a linearidade em prol de uma narrativa intensa e extremamente bizarra, explora mais sensações do que qualquer outra coisa, mais importante do que tentar decifrar o que está acontecendo na tela, é sentir o filme, o carrossel de sensações, sentimentos e até certo ponto, uma viagem lisérgica que nos induz, acaba por fim nos levando a um universo onde questionamos nossa moral, e a verdadeira pessoa que habita dentro de nós.

A sinopse é a seguinte, um casal em crise começa a receber fitas de vídeo, onde alguém está filmando sua casa e eles. Logo a esposa é assassinada pelo marido (?), o dito cujo é preso, e de repente acorda na vida de outra pessoa.

Tudo que a sinopse propõe pode ser questionado, e Lynch habilmente nos dá dicas do que pode estar acontecendo, “Prefiro imaginar minhas próprias lembranças, da forma como as interpreto”, e logo entramos num carrossel de mistério, violência, sexo e sinas que talvez o destino nos proponha, alias, dependendo de como se interprete o filme, talvez vejamos o destino em seu plano físico.

A verdade é que mais que uma simples diversão, o que temos aqui é um filme que nos prende do inicio ao fim em nossa poltrona, nos fazendo entrar em um verdadeiro pesadelo, sair dele é algo quase impossível durante a projeção, e sentimentos ruins nos inundam após o termino, é a maior prova de como a sétima arte pode mexer com o espectador como nenhuma outra.

Bill Pullman e Patrícia Arquete estão ótimos, principalmente Patrícia, que consegue criar uma das maiores loiras fatais da historia do cinema, e com o corpinho todo em cima, se torna irresistível e prazeroso acompanhar suas peripécias na tela.

Além de ser um filmaço, desses raros de se ver, “A Estrada Perdida”, ainda tem uma trilha sonora genial, e que entra em ação em momentos certos, Marilyn Manson e Rammstein, em sua boa forma, não pode ser ruim.

Bem, agora quero ver uma comédia levinha, para tirar toda a “catiça”, e logo cair em “Império dos Sonhos”, claro, de David Lynch...

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