quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Fay Grim de Hal Hartley

Esqueça as criticas!

É a primeira regra para ver esse “puta” filme dirigido por Hal Hartley, Fay Grim é continuação de Confissões de Henry Fool, e para tanto não faz feio, é uma obra de difícil digestão e complexa. A começar que a critica fez questão de tratá-lo como uma simples brincadeira do diretor, e compará-lo com o excelente, mas despretensioso, Beijos e Tiros, é obvio que Hartley não se limitaria a fazer um filme buscando o mero entretenimento, ele quer mais, e como quer...

Uma bizarra e confusa trama de espionagem dá o tom da historia, e os personagens importantes de Henry Fool fazem presença aqui, Parkey Posey como Fay está excelente e mostra-se uma atriz capaz de expressar todo o sentimento do personagem com expressões, em meio a tudo isso, o roteiro nos brinda com diversas questões do aspecto humano e faz uma analogia ácida ao mundo pós 11 de setembro.

“Após sete anos sem ter noticias do Marido, Fay se vê envolta em uma rede de espionagem e (Para quem viu o filme anterior) as confissões escritas pelo marido aparenta ser muito mais do que é!”.

Desde os atentado pós onze de setembro, muitos filmes falharam em retratar a paranóia americana, foram falhos por justamente terem personagens dentro de estereótipos: vitima, vilão. Já Hal Hartley acerta justamente ao pegar personagens de outro filme(de 1997), e mostrá-los vivos nesse mundo caótico, Fay não entende o que está acontecendo, só sabe o que a policia americana lhe passa, e mesmo assim as informações estão muito nebulosas, a política mostra-se confusa demais para o povo entender, e são tantas posições e visões, que é mais cômodo não adotar lado nenhum, basta seguir os instintos.

Para deixar o clima ainda mais paranóico, os personagens que representam a conspiração, espionagem, terrorismo, governo estão caricatos demais, contrastando com os personagens Fay, Simon, Angus, que estão contidos, passando uma impressão ainda maior de perdidos em um mundo louco.

Vale ressaltar ainda que Hartley ainda arranja tempo para desenvolver sentimentos de cada personagem, Fay ama Henry, mesmo com tudo que ele tenha feito de mal a ela, é um sentimento que ela não pode controlar, por mais que tente, o terrorista que matou um numero razoável de americanos, é incapaz de matar um outro (não vou dizer quem), justamente por simpatizar com ele, e muito mais.

O roteiro ainda coloca informações complexas sobre política, que pode fazer algum sentido ou nenhum, a idéia é confundir mesmo, Fay está lá, um ser humano normal, em meio a um grande problema, que pode ser apenas fruto da alienação dos governos e sua paranóia, talvez os manuscritos de Henry sejam apenas um péssimo livro superestimado, no fim, chegamos a conclusão que todos os personagens, de 1997 para cá não evoluíram, por isso se sentem totalmente deslocados e aceitar a versão da imprensa, dos governos, dos terroristas pode ser mais cômodo, mas não o correto, a idéia passada aqui é justamente não se envolver, mas quem pode passar incólume a tudo isso.

Nota 10

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